A resiliência emocional é a chave para manter as próprias emoções em equilibro e superar as adversidades da vida
É verdade que o mundo e a sociedade estão sempre em transformação, mas ao longo dos últimos anos foi possível perceber que as mudanças estão cada vez mais intensas e profundas, impactando o nosso desenvolvimento e exigindo constantes esforços de adaptação de cada indivíduo. Algumas pessoas apresentam uma incrível capacidade de vencer diferentes desafios ao longo da vida, tais como mudanças drásticas de rotina, transformações indesejáveis e tragédias inesperadas com uma notória facilidade. Essa habilidade de superar obstáculos e amadurecer durante o processo tem nome, e é chamada por neurologistas, psicólogos e outros profissionais da saúde de resiliência.
Neste artigo, você entenderá melhor o significado de resiliência emocional e aprenderá qual a sua importância para o amadurecimento e desenvolvimento humano. Além disso, você também terá acesso a dicas que irão te ajudar a aplicar a resiliência no seu crescimento profissional. Veja a seguir:
O conceito de Resiliência Emocional
Para entender melhor o que significa “resiliência emocional”, é preciso conhecer a origem do termo. A palavra “resiliência” vem do latim Resilire – que significa saltar para trás, voltar, ser impelido, recuar, encolher-se, romper. E embora seja muito usado na psicologia hoje em dia, esse termo fez suas primeiras aparições em estudos relacionados a área da física no início do século XIX.
Para a física, a resiliência é a propriedade de um material elástico que, ao absorver energia é, consequentemente, deformado. Entretanto, após liberar a energia, ele é capaz de voltar ao seu estado natural sem se romper. E é justamente essa condição que foi incorporada na psicologia, tendo sido adaptada ao contexto de uma pessoa que consegue enfrentar problemas e adversidades da vida sem se “romper”, sempre buscando tirar uma lição, um aprendizado. Em resumo, a resiliência é um processo de amadurecimento fundamental para todos.
A resiliência emocional, então, é a qualidade de olhar de maneira mais generosa para as próprias emoções e reconhecê-las de forma saudável. E ao fazer esse exercício, é possível aprender com elas, sem deixar que se prolonguem além do necessário. Ao invés de controlar ou reprimir sentimentos, como muitos são ensinados desde a infância, a resiliência permite um novo tipo de convivência mais equilibrada consigo mesmo.
Dito isso, podemos entender que uma pessoa mais resiliente é capaz de superar as situações ruins de maneira mais controlada e otimista, em vez de deixar que os sentimentos negativos tomem conta e afetem suas ações, causando prejuízos ao indivíduo e às pessoas do seu convívio.
Mas por que a resiliência emocional é tão importante?
Em seu livro “Resiliência, personalidade, stress e estratégias de coping”, o autor Pereira foi capaz de identificar e prever que as mudanças fariam parte do dia a dia na sociedade emergente, o que tornaria a resiliência um grande desafio para o novo milênio. Afinal, as pessoas devem se tornar cada vez mais invulneráveis e preparadas para resistir a situações adversas que a vida pode proporcionar, já que é inevitável reconhecer os fatores de riscos e fatores de proteção pessoais e interpessoais.
E, infelizmente, essa condição foi intensificada com a eclosão da pandemia do novo coronavírus. Lidar com o isolamento social e tantas outras situações nesse período aumentou o registro de emoções negativas (como a ansiedade, angústia, estresse, tristeza e luto) em todo o planeta. Cada vez mais pessoas relatam o declínio da saúde mental, dificuldades para se concentrar e comportamentos nocivos ao organismo, como poucas horas de sono, consumo excessivo de álcool, tabaco e outras substâncias psicoativas e, até mesmo, uma maior ocorrência de conflitos com familiares e amigos.
No último ano, pesquisadores de todo o mundo em parceria com a Universidade de Harvard desenvolveram um estudo muito importante para encontrar formas de promover mais emoções positivas que seriam capazes de estimular a resiliência emocional e, assim, ajudar as pessoas a responderem melhor às possíveis adversidades do novo cotidiano. A pesquisa contou com participantes de mais de 87 países ao redor do mundo, o que possibilitou uma ampla variação de resultados devido a diferentes culturas, acesso à educação e boas condições de vida e saneamento.
Ao longo do estudo, foram aplicados dois métodos de “intervenção de reavaliação” (tradução livre do termo em inglês “reappraisal intervention”), nomeados de estratégias de reconstrução e reaproveitamento. O processo de reconstrução consiste na transformação de como uma pessoa enxerga, interpreta ou representa mentalmente uma situação para mudar a resposta emocional que o organismo apresenta ao se deparar com ela. Já o reaproveitamento exige o enfoque em um resultado potencialmente positivo para mudar a resposta emocional, como pensar que a pandemia nos ajuda a reconhecer quais são os nossos valores e quem são as pessoas mais importantes em nossas vidas.
No geral, tanto a reconstrução quanto o reaproveitamento tiveram um impacto positivo para os participantes da pesquisa, pois ajudaram a reduzir drasticamente as respostas emocionais negativas e impulsionaram as respostas emocionais positivas. Além disso, o estudo encontrou poucas diferenças entre a eficácia desses dois métodos de reavaliação. Portanto, é possível dizer que a resiliência é a chave para superar situações difíceis!
Resiliência emocional no trabalho
Mas a capacidade de se adaptar às mudanças, superar desafios e conseguir lidar com situações adversas não é (nem deve ser) exclusiva da vida pessoal. Em diferentes setores e áreas profissionais, a resiliência emocional no trabalho tem sido vista cada vez mais como um atributo indispensável para qualquer profissional que deseja ser bem-sucedido em sua carreira.
Essa valorização da resiliência no trabalho está fortemente relacionada às diferentes crises enfrentadas no mercado de trabalho nas últimas décadas, que provocaram diversas mudanças e exigiram uma rápida adaptação das empresas ao novo modus operandi. Essas transformações interferem diretamente na rotina de todos os colaboradores, que precisam se reinventar e se adaptar constantemente para superar os desafios no mundo corporativo.
A resiliência é importante não somente para a sobrevivência das instituições, mas também para que o crescimento e inovação das empresas que desejam conquistar um maior público consumidor sejam alcançados.
Profissionais resilientes são capazes de acreditar mais em si mesmos e em sua capacidade de gerenciar de forma eficaz os desafios da vida, sejam eles profissionais ou pessoais. Além disso, aqueles que possuem mais resiliência do que outros tendem a ser mais proativos e estão mais inclinados a trabalhar de forma eficiente para encontrar soluções e, até mesmo, evitar que certas situações de risco ocorram.
Mas como ser resiliente?
Cada pessoa tem uma maneira, uma estratégia diferente para gerenciar e lidar com emoções negativas como o estresse, raiva, tristeza ou luto. E essa singularidade também prevalece quando o assunto é o desenvolvimento da resiliência! Há diversas estratégias que podem ser aplicadas para tentar se tornar uma pessoa cada vez mais resiliente e, pensando nisso, separamos algumas dicas simples para te ajudar:
- Procure encarar as mudanças como algo positivo
É comum que a maioria das pessoas se sinta assustada ao encarar qualquer tipo de mudança, seja ela planejada ou inesperada. Mas sentir medo é normal e saudável! Afinal, é o medo que costuma nos afastar de situações potencialmente perigosas, certo?
A vida é cíclica, e sabemos que haverá fases em que você irá se sentir diferente e ansioso, mas saiba que nenhuma situação ou condição é permanente. Esteja aberto para testar coisas novas, pois somente através das mudanças é possível crescer, amadurecer, e, o mais importante: aprender a lidar com as adversidades e tentar enxergar o lado positivo dessas situações.
- Dê preferência a uma comunicação não violenta
O ser humano está se socializando constantemente, e é necessário trabalhar as habilidades de comunicação para conviver adequadamente com diferentes tipos de personalidades e capacidades sociais. Pessoas que fazem um bom uso da comunicação não violenta conseguem lidar melhor com as diferenças, sejam entre outros indivíduos ou do próprio ambiente em que vivem e circulam.
Além de ser uma boa forma de fazer sua opinião ser valorizada e bem compreendida, expor a sua maneira de pensar adequada e respeitosamente é importante na construção de relacionamentos saudáveis tanto no ambiente familiar, quanto no ambiente profissional. Então, quando você estiver passando por um momento difícil, não se afaste de outras pessoas nem as trate mal. Não deixe o orgulho te prejudicar: aceite a ajuda daqueles que se preocupam com você!
- Seja flexível
Pessoas resilientes sabem que vão enfrentar obstáculos em diferentes momentos de suas vidas. Dessa forma, elas são capazes de ajustar seus objetivos e encontrar maneiras eficientes de se adaptar às adversidades. Você consegue vencer qualquer desafio e sempre tirar uma lição valiosa de alguma situação complicada, favorecendo o seu amadurecimento pessoal e profissional. Ser flexível é aceitar o movimento da vida, aprender a fluir com ela. Ser flexível é o segredo para superar momentos de crise!
- Aprecie a si mesmo
Busque se conhecer e aprecie as suas próprias habilidades! O que você é nesse exato momento é uma combinação das suas experiências de vida e a superações das dificuldades, desafios e obstáculos que enfrentou.
Por isso, valorize, respeite e priorize suas vontades. Faça aquilo que irá agregar algum significado a sua vida e cotidiano.
Podem ser atividades simples, desde passar tempo com sua família ou amigos, realizar serviços voluntários em sua comunidade ou qualquer outro passatempo que faça você se sentir mais forte e produtivo.
A resiliência é uma habilidade essencial para qualquer ser humano. Ter a capacidade de lidar e de se adaptar a adversidades é fundamental para o sucesso tanto profissional, quanto pessoal.
Pessoas que são resilientes conseguem ver e analisar situações por outra perspectiva, tirando bons aprendizados de momentos ruins e seguindo em frente com mais harmonia e bem-estar.
- Trabalhe a resiliência emocional na sua empresa
A última dica é destinada para quem é líder, gestor ou supervisor em alguma instituição ou estabelecimento. Ao passar por uma situação estressante no ambiente de trabalho, um colaborador pode se descontrolar emocionalmente, exteriorizando sua reação através de ações e atitudes que não refletem a conduta esperada.
Se esse trabalhador já tem a resiliência desenvolvida, ele é capaz de reconhecer os gatilhos que fazem sua saúde mental entrar em desequilíbrio. Isso permite que ele encare a situação de outra perspectiva, solucionando os problemas e se recuperando mais rapidamente.
É por isso que é tão importante que as lideranças das empresas promovam o equilíbrio entre as emoções e as ações de uma pessoa, incentivando o desenvolvimento da resiliência no trabalho! Então, procure ser um gestor empático, flexível e que não hesita ao tomar decisões importantes para o bem de toda sua equipe.
A empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro e tentar compreender suas emoções, ações e comportamentos. Para exercitar essa habilidade em sua equipe, promova dinâmicas divertidas como a brincadeira do “Se eu fosse você”. Essa atividade consiste em encorajar os trabalhadores a se colocarem no lugar do colega de forma lúdica e educativa. Cada colaborador deve imaginar onde a pessoa estará daqui a 5 anos e compartilhar com a equipe suas perspectivas sobre o futuro do colega, sempre de forma respeitosa e enriquecedora.
Esse exercício é capaz de aproximar as pessoas, ajudar equipes a se conhecerem melhor e promover a empatia na equipe, já que cada profissional precisa assumir o ponto de vista do colega e usar a criatividade para pensar em metas pessoais e profissionais com base nas informações recebidas.
Equipes que são resilientes estão sempre preparadas para diagnosticar problemas e trabalhar de forma coletiva na busca de soluções. Fortaleça a tomada de decisão do seu time com jogos de estratégias ou elaborando a execução de planos de ação para a melhoria de problemas reais da organização. Que tal?
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Referências
Pereira, A. M. S. (2001). Resiliência, personalidade, stress e estratégias de coping. Em J. Tavares (Org.) Resiliência e educação (pp.77-94). São Paulo: Cortez.