Você sabe exatamente o que fazer em emergências e acidentes de trabalho? Na posição que o TST ocupa, estar devidamente preparado para agir de forma rápida (e correta) em situações como essa e saber como salvar vidas é essencial! Leia o artigo e descubra as principais técnicas de primeiros socorros que todo TST deve conhecer e entenda por que essa competência é indispensável!
Índice de leitura:
- O que são os primeiros socorros?
- Por que aprender sobre primeiros socorros?
- A importância dos primeiros socorros para o profissional de segurança.
- Quais os impactos e consequências da demora na prestação de primeiros socorros?
O que a legislação diz sobre primeiros socorros no ambiente de trabalho?
- Conheça os tipos mais comuns de acidentes de trabalho.
- Como agir em emergências e quais as principais técnicas de primeiros socorros?
O que são os primeiros socorros?
Os primeiros socorros são os cuidados médicos iniciais que devem ser prestados à vítima logo após um acidente ou um mal súbito. Esses cuidados desempenham um papel crucial, seja em casa ou em espaços como o ambiente de trabalho, porque podem preservar a vida, prevenir o agravamento do estado de saúde da vítima e proporcionar mais tempo até a chegada da ajuda profissional.
No momento de uma situação de emergência é fundamental manter a calma e evitar o pânico para que a situação seja conduzida da melhor maneira possível, sem agravamentos.
Por que aprender sobre primeiros socorros?
Quando um evento inesperado acontece, muitas vezes, o nervosismo e o desespero pela falta de conhecimento podem tomar conta. Mas é justamente nesse momento que é preciso ter tranquilidade e saber quais as atitudes corretas que devem ser tomadas e o que não deve ser feito de maneira alguma para não colocar a vítima em perigo ou piorar o seu quadro.
Além disso, em muitos casos, como hemorragias, paradas cardíacas ou outros eventos críticos, a intervenção rápida e imediata pode ser decisiva para evitar lesões adicionais ou maiores complicações. E a aplicação correta de técnicas, como imobilização de fraturas, por exemplo, pode evitar danos mais graves aos tecidos e nervos.
Todo profissional de segurança deve dominar técnicas de primeiros socorros?
A verdade é que as técnicas de primeiros socorros são conhecimentos fundamentais para qualquer indivíduo, mas é uma habilidade indispensável para os profissionais que desempenham um papel crucial na promoção da segurança e que trabalham constantemente para garantir o bem-estar e a saúde dos colaboradores.
É claro que o principal objetivo é evitar que acidentes aconteçam – mas a qualquer momento situações inesperadas podem ocorrer. A verdade é que os técnicos de segurança do trabalho estão diariamente suscetíveis a presenciarem situações de emergência que podem exigir o uso imediato de técnicas de primeiros socorros.
Além disso, frequentemente, são eles os primeiros a chegarem em uma situação de acidente, tendo que lidar com casos que vão desde lesões leves até as situações mais graves. É essencial que alguém tenha o domínio do manejo eficaz de lesões comuns, como cortes, contusões, queimaduras e fraturas, e de outras situações inesperadas como: desmaios e engasgos que podem surgir no local de trabalho!
E a pergunta que eu te faço é: em uma situação como essa, você está capacitado para agir caso não exista nenhum profissional médico que possa realizar os primeiros socorros de maneira imediata?
Se a sua resposta ainda não é um sim convicto, saiba que estar preparado para lidar com uma ampla gama de situações de emergência não apenas protege a vida e a saúde das pessoas envolvidas, mas também contribui para um ambiente de trabalho mais seguro e responsável.
No episódio 28 do podcast Conversa Segura, compartilhamos histórias reais de situações de emergência e como a aplicação correta dos primeiros socorros pode salvar vidas! Corre para conferir:
E ao final deste artigo, você conhecerá as principais técnicas de primeiros socorros e como agir diante das principais emergências médicas!
Quais os impactos e consequências da demora na prestação de primeiros socorros?
A demora nos primeiros socorros em casos de acidentes de trabalho pode ter repercussões significativas, afetando não apenas a saúde e o bem-estar do trabalhador, mas também tendo implicações legais e econômicas para as empresas.
Imagine que um trabalhador se acidentou e sofreu uma lesão após uma queda em um canteiro de obras. Em casos como esse, os procedimentos iniciais como mobilização adequada e acionamento de ajuda profissional não podem ser negligenciados.
Isso porque, uma fratura inicialmente simples pode se agravar, danificando seriamente outros tecidos e aumentando o nível de complicações, o tempo de recuperação, além da complexidade e os custos associados ao tratamento.
Para além disso, existem também os impactos significativos na saúde mental do trabalhador, principalmente diante de um evento traumático.
O que a legislação diz sobre primeiros socorros no ambiente de trabalho?
No Brasil, a Norma Regulamentadora 7 (NR-7) que determina a implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Operacional (PCMSO), prevê que toda empresa, independentemente do seu porte, é obrigada a:
- Adquirir e manter um kit de primeiros socorros;
- Além de manter, pelo menos, uma pessoa dentro da empresa familiarizada com os procedimentos de primeira assistência.
Composição do kit de primeiros socorros
A composição dos kits de primeiros socorros é avaliada de empresa para empresa, de acordo com os riscos específicos de cada organização e avaliando os principais danos que podem afetar a saúde dos colaboradores. Ambientes de trabalho onde exista a exposição a substâncias químicas, por exemplo, demandam itens específicos, como neutralizantes contra queimaduras químicas.
Esses componentes essenciais de primeiros socorros devem ser definidos no PCMSO e o descumprimento dessa exigência pode resultar em multas aplicadas pelo Ministério da Economia durante fiscalizações.
Porém, embora a composição dos kits seja adaptada à realidade de cada organização, alguns itens são universalmente necessários, como:
- Pinça;
- Tesoura;
- Termômetro;
- Colar cervical;
- Luvas cirúrgicas;
- Óculos de proteção;
- Tala de imobilização;
- Máscara para proteção facial;
- Band-aid;
- Álcool 70%;
- Antisséptico;
- Esparadrapo;
- Água boricada;
- Solução de iodo;
- Gaze esterilizada;
- Algodão hidrófilo;
- Ataduras de crepe;
- Água oxigenada de 10 volumes.
Quem pode ter acesso ao kit de primeiros socorros?
O acesso ao kit de primeiros socorros deve ser restrito a profissionais devidamente treinados e capacitados para realizar esses procedimentos, como:
- Brigadistas: pessoas treinadas especificamente para lidar com situações de emergência, incluindo primeiros socorros. Os brigadistas passam por treinamento especializado para garantir que estejam preparados para responder de forma eficaz a diferentes tipos de acidentes.
- Equipes de emergência: membros de equipes de emergência, que podem incluir socorristas, paramédicos ou outros profissionais de saúde. Essas equipes são treinadas para lidar com situações mais complexas e são essenciais em ambientes onde os riscos são mais elevados.
- Profissionais de saúde: em alguns casos, empresas podem designar profissionais de saúde, como enfermeiros ou médicos, para terem acesso ao kit de primeiros socorros. Esses profissionais têm conhecimentos mais avançados em cuidados médicos.
- Pessoas treinadas em primeiros socorros: além dos grupos mencionados, outras pessoas na empresa que tenham recebido treinamento específico em primeiros socorros também podem ter acesso ao kit. Isso pode incluir funcionários que participaram de cursos de primeiros socorros e profissionais de segurança.
Restringir o acesso ao kit de primeiros socorros a profissionais treinados ajuda a evitar o uso inadequado dos materiais e garante que intervenções adequadas sejam realizadas em caso de emergência.
E quais são os tipos mais comuns de emergências no ambiente de trabalho?
Entre os anos de 2015 e 2017, foram registrados 1,7 milhão de acidentes de trabalho, segundo o Anuário Estatístico da Previdência Social. O tipo de acidente pode variar dependendo do setor de atividade, das condições de trabalho e das práticas de segurança adotadas. No entanto, conhecer os tipos de acidentes mais comuns é fundamental.
A partir desse conhecimento é possível ter uma noção maior do tipo de situação que você pode encontrar pela frente, além de garantir que estará preparado para agir em cada caso. Entre os principais acidentes de trabalho estão:
- Escorregões, Tropeções e Quedas;
- Quedas de Altura;
- Acidentes com Equipamentos;
- Acidentes com Veículos;
- Queimaduras;
- Acidentes Elétricos;
- Fraturas;
- Contusão e esmagamento.
Porém, outras situações emergenciais como engasgos, desmaios e infartos, que não estão diretamente ligadas às situações de trabalho, também estão suscetíveis a acontecer no ambiente laboral e exigem ações imediatas de primeiros socorros!
Para se ter uma ideia, estima-se que, no Brasil, ocorram de 300 mil a 400 mil casos de infarto por ano e que a cada 5 ou 7 casos um venha a óbito, segundo o Ministério da Saúde. Nesse caso, o atendimento emergencial ainda nos primeiros minutos é fundamental para preservar a vida.
Como agir em emergências e quais as principais técnicas de primeiros socorros?
Antes de iniciar qualquer procedimento de primeiros socorros é importante analisar se o ambiente pode apresentar algum risco adicional à vítima ou ao socorrista e, em caso afirmativo, a vítima deve ser retirada do local.
Além disso, nesse momento é preciso:
- Ter calma e precaução para colher o máximo de informações sobre o ocorrido;
- Tranquilizar a vítima e evitar aglomerações no local.
- Acionar, o mais rápido possível, os serviços de emergência adequados a cada caso, como:
Corpo de bombeiros (193) – O Corpo de Bombeiros deve ser acionado em situações que envolvem emergências relacionadas a incêndios, resgates, salvamentos e situações de risco que requerem habilidades específicas da equipe de bombeiros, como:
- Incêndio em residências, empresas, estruturas e em vegetação;
- Resgates em áreas de difícil acesso;
- Afogamentos;
- Vazamentos químicos, acidentes com substâncias perigosas ou situações semelhantes;
- Desabamentos, soterramentos e deslizamentos;
- Quando há necessidade de resgate de vítimas presas em veículos;
- Quando há risco iminente de colapso de edificações ou estruturas;
- Lesões provenientes de agressão e ataques de animais;
- Ferimentos por arma de fogo e objetos cortantes/perfurantes;
- Quedas de plano elevado ou de mesmo nível que resultem em lesões.
SAMU (192) – Já o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) deve ser acionado em emergências de natureza clínica, cirúrgica, traumática, obstétrica, pediátrica e psiquiátrica, ou seja, em situações de emergência médica em que a intervenção rápida de profissionais de saúde é necessária, como:
- Problemas cardiorrespiratórios;
- Intoxicação exógena e envenenamento;
- Queimaduras graves;
- Trabalhos de parto em que haja risco de morte da mãe ou do feto;
- Tentativas de suicídio;
- Crises hipertensivas e dores no peito de aparecimento súbito;
- Acidentes ou traumas com vítimas;
- Afogamentos;
- Choque elétrico;
- Acidentes com produtos perigosos;
- Suspeita de infarto ou AVC (alteração súbita na fala, perda de força em um lado do corpo e desvio da comissura labial são os sintomas mais comuns);
- Ferimento por arma de fogo ou arma branca;
- Soterramento ou desabamento com vítimas;
- Crises convulsivas;
- Outras situações consideradas de urgência ou emergência, com risco de morte, sequela ou sofrimento intenso.
O ideal é certificar-se de que outra pessoa pode realizar esse procedimento enquanto o socorrista faz as primeiras avaliações sobre o estado da vítima.
Os primeiros socorros
É importante verificar o estado de consciência da vítima, testando perguntas de resposta lógica, como nome e idade, e a respiração do acidentado – para isso, aproxime-se da vítima para escutar a boca e o nariz, verificando também os movimentos característicos de tórax e abdômen.
Mas, lembre-se: ao realizar os primeiros socorros, a posição em que a vítima se encontra jamais deve ser alterada, a menos que isso seja realmente necessário para salvá-la ou em casos de risco iminente, como o perigo de explosões, por exemplo. Ainda assim, esse procedimento deve ser realizado por alguém devidamente capacitado.
E o que fazer em cada caso?
– Se a vítima não estiver respirando:
Ressuscitação cardiopulmonar (RCP)
Caso a vítima não esteja respirando, inicie a ressuscitação cardiopulmonar (RCP). Essa técnica é utilizada em casos de parada cardíaca e o início imediato da reanimação é fundamental até a chegada de socorro médico e pode dobrar ou triplicar a chance de sobrevivência da vítima!
Por isso, fique de olho em como ela deve ser realizada:
- Verifique os sinais de respiração da pessoa através do pulso, sons dos batimentos cardíacos e movimentos do tórax.
- Se a pessoa não estiver respirando, deite-a de barriga para cima em uma superfície rígida.
- Ajoelhe-se ao lado da vítima, na altura dos ombros dela, e localize o centro do tórax, entre os mamilos.
- Entrelace os seus dedos e coloque uma mão sobre a outra, apoiando-se no centro do peito da vítima.
- Mantenha os braços esticados e use o peso do corpo para fazer compressões compassadas e rítmicas.
- O tórax da vítima deve ser comprimido na profundidade de, no mínimo, 5 cm quando é feita em adultos.
- Realize 100 compressões por minuto (o equivalente a 5 compressões a cada 3 segundos).
A manobra de reanimação deve continuar até a chegada do socorro ou até a vítima reagir.
Em situações de engasgo:
Manobra de Heimlich (Manobra de Desengasgo)
Essa é uma técnica crucial para ajudar alguém que está se engasgando com algum objeto preso na garganta, sem conseguir tossir e respirar. Para executar a manobra da maneira certa em adultos, você deve:
- Ficar atrás da vítima, com um dos braços ao redor da cintura.
- Posicionar uma das suas pernas entre as pernas da vítima para estabilizá-la.
- Fechar uma de suas mãos e a posicioná-la entre o umbigo e o peito da vítima – com o polegar voltado para o corpo da pessoa.
- Posicionar a segunda mão sobre a primeira.
- Em movimentos rápidos realizar compressões para dentro e para cima.
- Realizar o procedimento 5 vezes.
– Hemorragias:
Torniquete
Em casos em que é necessário estancar sangramentos excessivos, comumente encontrados em casos graves, como amputações e hemorragias severas, um dispositivo de compressão, conhecido como torniquete, é utilizado. É preciso agir com calma e conhecer bem a técnica para usá-la da forma correta.
Em casos de amputações, por exemplo, é necessário:
- Colocar o torniquete 5 centímetros acima da ferida, mas abaixo da articulação mais próxima.
- Apertar o torniquete até que a hemorragia pare, mas não excessivamente, pois isso pode causar danos.
- Depois de inserido é importante não mexer mais no dispositivo! Caso ele afrouxe, o procedimento correto é que um segundo torniquete seja posicionado acima do primeiro.
Em casos de amputações:
- Se possível, recupere a parte amputada.
- Coloque-a em um saco plástico limpo e depois coloque o saco em outro contendo gelo – não coloque o gelo diretamente na parte amputada.
- Evite o congelamento, mas mantenha a parte amputada resfriada – isso pode ajudar a preservar os tecidos até que a reimplantação seja possível.
- Evite submergir a parte amputada em água fria, pois isso pode causar danos.
- Transporte a vítima para o hospital o mais rápido possível.
– Fraturas musculares:
Imobilização
Em casos de fraturas ou lesões musculares é preciso imobilizar a área afetada para evitar movimentos que podem agravar o dano. Para isso:
- Evite movimentar a parte do corpo com a fratura – mantenha o membro na posição em que foi encontrado para minimizar o risco de lesões adicionais.
- Se você tiver experiência em primeiros socorros e não há assistência profissional imediata disponível, pode tentar imobilizar a área afetada com talas. Use materiais rígidos, como placas, tábuas, ou mesmo jornais dobrados, para criar talas ao longo do lado afetado do membro.
- Coloque a talha acima e abaixo da fratura, fixando-as com ataduras ou outros materiais que você tiver disponível.
- Não aperte as talas excessivamente – deixe espaço para o inchaço.
- Use ataduras para fixar as talas e imobilizar a área – certifique-se de que a atadura não está muito apertada, pois isso pode prejudicar a circulação.
- Se possível, eleve a área afetada para reduzir o inchaço. Isso pode ser feito colocando travesseiros ou outros objetos sob a extremidade
– Queimaduras:
Em casos de queimaduras e lesões, os primeiros socorros desempenham um papel crucial na minimização de danos e no conforto da pessoa afetada.
- Avalie o grau da queimadura:
- Queimadura de primeiro grau: Afeta apenas a camada superficial da pele, resultando em vermelhidão.
- Queimadura de segundo grau: Afeta a camada superficial e a camada intermediária da pele, causando bolhas e vermelhidão intensa.
- Queimadura de terceiro grau: Danifica todas as camadas da pele, podendo afetar tecidos mais profundos. Pode causar pele carbonizada ou branca.
- Proteja-se:
- Antes de ajudar a vítima, certifique-se de que a área esteja segura.
- Resfrie a área queimada:
- Queimaduras de primeiro e segundo grau: coloque a área afetada sob água fria corrente, mas evite usar gelo.
- Não use gelo ou produtos químicos:
- Não aplique gelo diretamente na queimadura, pois isso pode piorar a lesão.
- Evite o uso de cremes, manteiga ou outros produtos caseiros.
- Cubra a queimadura:
- Use um pano limpo e seco para cobrir a queimadura após resfriar. Evite algodão, pois pode grudar na pele.
Lembre-se de que os primeiros socorros são medidas temporárias até a chegada de ajuda profissional! Por isso, sempre acione os serviços de assistência emergencial o mais rápido possível e esteja capacitado para agir!
É fundamental também que você busque por treinamentos e capacitações para se aprofundar no tema! Este artigo é apenas o começo e o conhecimento prático é essencial. Para isso, procure por centros de treinamentos na sua cidade, organizações de saúde, instituições de ensino, como o Corpo de Bombeiros e a Cruz Vermelha, que consumam oferecer cursos de primeiros socorros.
A capacitação em primeiros socorros é um elemento vital na formação de profissionais de segurança e te ajuda a avaliar a situação com calma, além de te deixar apto para fornecer os cuidados imediatos que podem fazer toda a diferença na proteção de vidas e na prevenção de danos mais graves. Com isso, você contribui ainda mais para criar um ambiente de trabalho mais seguro e focado no bem-estar de todos.
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