Nos últimos anos, o conceito de ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Governance) deixou de ser uma pauta restrita ao mercado financeiro e passou a ocupar um espaço central sobretudo nas discussões sobre o futuro das empresas. Assim, seja por pressão de investidores, consumidores ou legislação, o ESG está se tornando um critério estratégico de sobrevivência e relevância no mercado.
Além disso, estamos vendo uma nova geração de trabalhadores e consumidores que valorizam empresas com propósito, responsabilidade e transparência. O ESG surge como resposta a esse novo modelo de sociedade e de mercado, sendo fundamental inclusive para as áreas de segurança do trabalho, meio ambiente e recursos humanos.
Neste artigo, vamos explorar em profundidade o que é ESG nas empresas, seus pilares, benefícios, desafios e, principalmente, como colocar em prática de forma coerente e estruturada.
Sumário
- 1 O que significa ESG?
- 2 O que é um programa de ESG?
- 3 O que é ESG nas empresas?
- 4 Quais são os 3 pilares do ESG?
- 5 Quais os 3 principais critérios do ESG nas empresas?
- 6 Quais são os princípios do ESG?
- 7 Vantagens e boas práticas do ESG
- 8 ESG e a saúde e segurança do trabalho
- 9 Qual a relação entre ESG e greenwashing?
- 10 O que é necessário para uma empresa ser ESG?
- 11 Por que é importante para as empresas investir em ESG?
- 12 Qual é o primeiro passo para implementar ESG?
- 13 Como posso aplicar ESG na minha empresa?
- 14 Conclusão
O que significa ESG?
Antes de tudo, ESG é a sigla em inglês para Environmental (Ambiental), Social (Social) e Governance (Governança). Isso porque esses três eixos definem os critérios para medir o impacto e a sustentabilidade das empresas para além do desempenho financeiro. Assim, o termo se consolidou como uma ferramenta de análise para avaliar o comprometimento das organizações com boas práticas.
- Environmental (Ambiental): abrange a forma como a empresa interage com o meio ambiente. Logo, inclui temas como consumo de energia, uso de água, emissões de gases de efeito estufa, gestão de resíduos, poluição e preservação da biodiversidade.
- Social: refere-se ao impacto que a empresa tem sobre pessoas, tanto internamente (trabalhadores, diversidade, clima organizacional, segurança e saúde ocupacional) quanto externamente (comunidade, cadeia de fornecedores, direitos humanos e engajamento social).
- Governance (Governança): trata de como a empresa é administrada. Logo, inclui estruturas de governança corporativa, transparência, combate à corrupção, auditorias, conformidade legal e ética nas decisões.
Como complemento, assista ao vídeo abaixo, episódio do nosso podcast, “Conversa Segura”, e saiba mais sobre o tema:
O que é um programa de ESG?
Um programa de ESG é, antes de tudo, um plano de gestão e execução que organiza as ações da empresa em torno dos três pilares, com o objetivo de mitigar riscos, gerar valor e transformar a cultura organizacional. Logo, esse programa deve ser estruturado e não pode se limitar a ações pontuais.
Assim, um bom programa inclui:
- Diagnóstico: análise da situação atual da empresa sob a ótica ESG.
- Definição de metas: objetivos claros e mensuráveis para avanço nos três pilares.
- Plano de ação: cronograma de atividades, responsabilidades e recursos.
- Capacitação: formação dos times internos e das lideranças.
- Monitoramento e indicadores: uso de KPIs e relatórios periódicos.
- Comunicação: transparência com todos os stakeholders.
Além disso, um programa robusto de ESG conecta estratégia, operação e cultura organizacional com foco em sustentabilidade de longo prazo.
O que é ESG nas empresas?
ESG nas empresas é sobretudo a prática concreta de aplicar os princípios ambientais, sociais e de governança em todas as esferas do negócio. Mas vai muito além de uma declaração institucional ou a adesão a selos de certificação.
Isso porque trata-se de uma mudança na forma de operar: do planejamento à execução, da gestão de pessoas à logística, do relacionamento com fornecedores à comunicação com a sociedade.
Exemplos incluem:
- Medidas para neutralizar a pegada de carbono;
- Criação de programas de diversidade e inclusão;
- Implantar canais de ética acessíveis aos trabalhadores;
- Adotar energias limpas e reduzir desperdícios;
- Apoiar causas sociais locais.
Quais são os 3 pilares do ESG?
Ambiental (E):
- Uso racional de recursos naturais;
- Redução de emissões e poluentes;
- Energia limpa e renovação de insumos;
- Logística reversa;
- Economia circular.
Social (S):
- Diversidade e inclusão no quadro funcional;
- Ações de segurança e saúde do trabalho;
- Respeito aos direitos trabalhistas;
- Relação justa com fornecedores;
- Investimento em programas sociais.
Governança (G):
- Transparência na gestão;
- Conformidade com leis e regulações;
- Prestação de contas;
- Participação diversa em conselhos;
- Políticas anticorrupção e de integridade.
Quais os 3 principais critérios do ESG nas empresas?
Conformidade legal e ética:
- Atuar em conformidade com a legislação ambiental, trabalhista e fiscal é o básico para qualquer empresa que deseja ser considerada ESG.
- Significa, por exemplo, cumprir normas da NR-01 à NR-36 (em SST), além de atender exigências de órgãos ambientais como CONAMA e IBAMA.
Impacto socioambiental:
- Avaliar constantemente como as operações afetam o meio ambiente e a comunidade.
- Inclui a responsabilidade sobre a cadeia de fornecimento, projetos de impacto positivo e relações de trabalho mais humanas.
Governança transparente:
- Adotar mecanismos de governança que previnam riscos, fraudes e aumentem a confiança na marca.
- Envolve ter conselhos participativos, auditorias independentes e canais efetivos de denúncia.
Quais são os princípios do ESG?
- Responsabilidade socioambiental: cada decisão deve considerar o impacto no meio ambiente e na sociedade.
- Ética e transparência: agir com integridade e prestar contas.
- Compromisso com gerações futuras: pensar no longo prazo e na continuidade.
- Equidade e diversidade: garantir oportunidades iguais e representação plural.
- Engajamento dos stakeholders: ouvir e considerar todas as partes interessadas: trabalhadores, fornecedores, comunidade, investidores.
Assim, esses princípios devem nortear todas as políticas, mesmo em situações de crise ou pressão econômica.
Vantagens e boas práticas do ESG
Implementar práticas ESG vai além de uma obrigação moral ou legal. Há benefícios tangíveis para empresas que adotam uma abordagem estratégica nesse sentido.
Vantagens:
- Melhoria da imagem institucional: empresas alinhadas a boas práticas ESG têm maior aceitação pública e reputação fortalecida.
- Acesso facilitado a capital: muitos fundos de investimento consideram critérios ESG para alocar recursos, reduzindo o custo de capital.
- Redução de riscos operacionais e legais: conformidade com regulações ambientais e sociais previne multas, processos e paralisações.
- Atração e retenção de talentos: trabalhadores, especialmente os mais jovens, buscam trabalhar em empresas com propósito e responsabilidade social.
- Eficiência operacional: práticas sustentáveis, como economia de recursos e reuso de materiais, reduzem custos.
- Inovação: ESG estimula novas formas de pensar produtos, processos e serviços, gerando soluções mais sustentáveis e competitivas.
Boas práticas:
- Realizar diagnósticos anuais ESG com auditoria externa;
- Incluir metas ESG no planejamento estratégico;
- Treinar lideranças e comitês internos sobre sustentabilidade;
- Publicar relatórios de sustentabilidade com indicadores claros (GRI, SASB etc.);
- Implantar políticas de diversidade, inclusão e compliance.
ESG e a saúde e segurança do trabalho
Um dos pontos cruciais dentro da agenda ESG é o cuidado com as condições de trabalho. A saúde e a segurança dos trabalhadores estão diretamente ligadas ao pilar Social, mas também impactam a Governança e, indiretamente, o desempenho ambiental das empresas.
Por que SST é uma pauta ESG?
- Prevenção de riscos ocupacionais: empresas que investem em ergonomia, prevenção de acidentes e bem-estar no ambiente de trabalho demonstram responsabilidade com o capital humano.
- Clima organizacional: um ambiente seguro, justo e saudável contribui para produtividade, engajamento e permanência dos trabalhadores.
- Conformidade legal: atender às Normas Regulamentadoras (NRs) é parte fundamental da governança e evita penalizações e danos reputacionais.
- Indicadores sociais: absenteísmo, taxa de acidentes, turn over e adoecimentos são dados ESG monitorados por investidores e órgãos de controle.
Boas práticas de SST dentro do ESG:
- Adoção de tecnologias para monitoramento e prevenção de acidentes
- Treinamentos constantes e campanhas como SIPAT com foco em cultura preventiva
- Programas de qualidade de vida, saúde mental e apoio psicossocial
- Incentivo à participação ativa de CIPA, SESMT e lideranças operacionais
- Inclusão de indicadores de SST nos relatórios ESG anuais
Incluir a SST como parte da estratégia ESG é, portanto, reconhecer que trabalhadores saudáveis e seguros são base de sustentação e crescimento para qualquer organização.
Qual a relação entre ESG e greenwashing?
Greenwashing é o termo utilizado quando uma empresa finge ser sustentável para conquistar a confiança do público ou investidores, mas suas ações reais não sustentam esse discurso. Isso pode ocorrer por meio de:
- Campanhas publicitárias com termos como “verde” ou “sustentável” sem comprovação;
- Relatórios ESG sem dados auditáveis ou indicadores reais;
- Ocultamento de práticas nocivas ao meio ambiente ou aos direitos humanos.
Como evitar:
- Pratique a coerência: alinhe discurso e prática;
- Publique dados auditáveis;
- Invista em transparência ativa;
- Adote padrões internacionais (ex.: Pacto Global, GRI).
Além disso, greenwashing é prejudicial à reputação e pode trazer riscos legais. Portanto, o mercado e a sociedade estão cada vez mais atentos a essa incongruência.
O que é necessário para uma empresa ser ESG?
Nenhuma empresa se torna ESG da noite para o dia. De modo que, um processo contínuo que exige comprometimento, planejamento e ações estruturadas. Então, para dar os primeiros passos, é necessário:
- Diagnóstico ESG: entender onde a empresa está em cada um dos três pilares.
- Comprometimento da liderança: sem apoio do topo, nenhuma iniciativa prospera.
- Cultura organizacional engajada: envolver todas as áreas e promover um ambiente seguro e ético.
- Metas claras: definir objetivos mensuráveis e atingíveis, com prazos.
- Indicadores e acompanhamento: mensurar e revisar periodicamente os avanços.
- Comunicação interna e externa: manter todos informados sobre as ações, avanços e resultados.
Por que é importante para as empresas investir em ESG?
Investir em ESG não é mais opcional. Ou seja: é uma forma de garantir a perenidade do negócio em um cenário de crescentes demandas sociais e ambientais.
- Exigência do mercado: investidores, consumidores e parceiros exigem posicionamento claro.
- Vantagem competitiva: empresas ESG têm melhor reputação e atraem talentos e investidores.
- Adequação regulatória: leis estão ficando mais rigorosas; quem se antecipa sai na frente.
- Redução de custos ocultos: prevenção de acidentes, multas e crises reputacionais.
- Contribuição com os ODS da ONU: a empresa passa a integrar uma agenda global de transformação.
Qual é o primeiro passo para implementar ESG?
O primeiro passo é a autoavaliação estruturada, geralmente feita por meio de diagnóstico ESG. Assim, esse diagnóstico pode ser desenvolvido internamente ou com apoio de consultorias especializadas e deve cobrir:
- Consumo de recursos naturais;
- Políticas de diversidade e inclusão;
- Estrutura de governança;
- Avaliação de fornecedores;
- Relacionamento com stakeholders.
A partir daí, a empresa consegue priorizar suas ações e definir um plano consistente.
Como posso aplicar ESG na minha empresa?
Passos práticos:
- Mapeie os riscos e oportunidades ambientais, sociais e de governança.
- Engaje a liderança e defina um comitê ESG com representantes de áreas-chave.
- Implemente pequenas ações que gerem valor, como coleta seletiva ou trilhas de diversidade.
- Crie políticas internas de conduta, diversidade, integridade e transparência.
- Comunique resultados com clareza: boletins, murais, eventos internos.
- Associe-se a entidades que valorizam boas práticas (Pacto Global, Ethos etc.).
Lembre-se: ESG não é sobre “gastar mais”, e sim sobre investir melhor.
Conclusão
ESG nas empresas não é uma tendência passageira, mas uma transformação estrutural no modo de fazer negócios. Desse modo, adotar uma postura ESG é se comprometer com um futuro mais justo, seguro e sustentável. Portanto, é também uma forma inteligente de gerar valor, atrair talentos, fidelizar clientes e se diferenciar no mercado.
Além disso, mais do que falar sobre responsabilidade, ESG é agir com responsabilidade. E esse movimento começa agora.