No universo da segurança e saúde no trabalho (SST), a documentação técnica e legal exerce um papel fundamental. Ou seja, mais do que cumprir exigências burocráticas, os documentos de SST são instrumentos essenciais para promover ambientes de trabalho mais seguros, proteger trabalhadores e garantir a conformidade legal das empresas.
Neste artigo, você vai encontrar um guia completo sobre os principais documentos exigidos pela legislação brasileira, com destaque para suas funções, obrigatoriedades e relação com o eSocial. Continue a leitura!
Sumário
- 1 O que é um documento de SST?
- 2 Quais são os documentos SST?
- 2.1 1. Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR)
- 2.2 2. Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)
- 2.3 3. Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT)
- 2.4 4. Atestado de Saúde Ocupacional (ASO)
- 2.5 5. Análise Ergonômica do Trabalho (AET) – (Documentos SST)
- 2.6 6. Laudos de Insalubridade e Periculosidade
- 2.7 7. Permissão de Trabalho (PT) – (Documentos SST)
- 2.8 8. Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP)
- 3 Documentos SST para o eSocial
- 4 A importância dos documentos SST
- 5 Conclusão
O que é um documento de SST?
Um documento de SST é, a princípio, qualquer registro formalizado que ateste as condições de segurança e saúde nos ambientes de trabalho. Assim, esses documentos são exigidos por normas regulamentadoras (NRs) e pela legislação trabalhista e previdenciária, servindo como evidência das práticas de prevenção adotadas pela empresa.
Eles cumprem diversas finalidades estratégicas, entre elas:
- Diagnóstico e controle de riscos ocupacionais: permitem mapear os perigos presentes no ambiente laboral e orientar ações corretivas e preventivas;
- Comprovação de conformidade legal diante de órgãos fiscalizadores: previnem multas, interdições e passivos jurídicos;
- Base de gestão para decisões estratégicas em SST: possibilitam a análise de indicadores, o planejamento de programas de saúde e segurança e o acompanhamento da eficácia das medidas implantadas.
Além disso, os documentos de SST são fundamentais para a construção de uma cultura organizacional mais madura e engajada em prevenção.
Quais são os documentos SST?
A seguir, detalhamos os principais documentos exigidos pela legislação brasileira. A profundidade de cada um varia conforme o porte da empresa, o grau de risco das atividades e a exposição dos trabalhadores a agentes nocivos.
1. Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR)
O PGR substituiu o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) e representa um avanço no modelo de gestão de SST. Dessa forma, é exigido pela NR-1 e tem como foco a identificação de perigos, avaliação de riscos e definição de medidas de controle.
O PGR deve conter:
- Inventário de riscos: lista detalhada dos perigos presentes em cada ambiente de trabalho;
- Plano de ação: medidas preventivas, responsáveis, prazos e formas de acompanhamento;
- Monitoramento contínuo: registros das inspeções e atualizações periódicas.
Empresas de menor porte ou com grau de risco 1 ou 2 podem ser dispensadas, desde que não identifiquem riscos. No entanto, o ideal é sempre manter a gestão documental estruturada, mesmo nos casos de dispensa legal.
2. Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO)
Instituído pela NR-7, o PCMSO tem como principal objetivo preservar, acima de tudo, a saúde dos trabalhadores, por meio de ações preventivas e diagnósticos precoces.
Dessa forma, é obrigatório para toda empresa que possua empregados e deve ser coordenado por um médico do trabalho. Inclui:
- Exames admissionais, periódicos, de retorno ao trabalho, de mudança de função e demissionais;
- Acompanhamento clínico e exames complementares conforme os riscos identificados no PGR;
- Relatório anual com dados estatísticos e análise dos agravos à saúde.
Assim, esse documento deve estar sempre atualizado, e seu conteúdo precisa dialogar com os demais programas de SST da empresa.
3. Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT)
O LTCAT é, em primeiro lugar, um laudo obrigatório para fins previdenciários, especialmente para a concessão de aposentadoria especial. Logo, seu objetivo é identificar a exposição dos trabalhadores a agentes físicos, químicos ou biológicos prejudiciais à saúde.
Todavia, deve ser elaborado por engenheiro de segurança ou médico do trabalho e conter:
- Avaliação quantitativa das exposições;
- Equipamentos utilizados na medição;
- Conclusão quanto ao enquadramento nas exigências do INSS;
- Recomendações técnicas para controle dos riscos.
Diferente do PGR, que tem foco na gestão de riscos, o LTCAT, porém, serve como documento comprobatório para o INSS e precisa ser constantemente atualizado em caso de mudança no processo produtivo.
4. Atestado de Saúde Ocupacional (ASO)
É o documento emitido após a realização de exames médicos, comprovando a aptidão ou inaptidão do trabalhador para a função que irá exercer. Nesse sentido, está diretamente ligado ao PCMSO.
Existem cinco tipos de ASO:
- Admissional;
- Periódico;
- De retorno ao trabalho;
- De mudança de função;
- Demissional.
Além de garantir a aptidão, o ASO é, antes de tudo, uma forma de proteger juridicamente a empresa em casos de litígios trabalhistas envolvendo doenças ocupacionais.
5. Análise Ergonômica do Trabalho (AET) – (Documentos SST)
Prevista na NR-17, a AET é obrigatória em atividades que envolvem riscos ergonômicos, como esforço físico, repetitividade, postura inadequada e uso de equipamentos que exijam força excessiva ou concentração prolongada.
Uma AET completa deve:
- Identificar situações críticas no ambiente de trabalho;
- Avaliar os impactos físicos e psicológicos nas atividades;
- Apontar medidas corretivas e adaptativas.
Sua aplicação contribui diretamente para a redução de doenças osteomusculares, estresse e fadiga mental.
6. Laudos de Insalubridade e Periculosidade
Elaborados com base nas NR-15 e NR-16, esses laudos determinam o direito ao recebimento de adicionais salariais por parte dos trabalhadores expostos a agentes agressivos ou situações de risco iminente.
O laudo deve:
- Ser assinado por profissional habilitado (engenheiro de segurança ou médico do trabalho);
- Contemplar medições técnicas e critérios normativos;
- Indicar grau de insalubridade (mínimo, médio ou máximo) e caracterizar a periculosidade quando aplicável.
Esses documentos são frequentemente usados como prova em processos trabalhistas e devem ser elaborados com rigor técnico e metodológico.
7. Permissão de Trabalho (PT) – (Documentos SST)
De antemão, a PT é um controle operacional utilizado para autorizar atividades de risco temporárias, como trabalhos em altura, espaço confinado, eletricidade e áreas classificadas.
Ao mesmo tempo, garante que as medidas de segurança necessárias foram aplicadas antes da execução da tarefa. Inclui:
- Identificação dos envolvidos;
- Avaliação de riscos;
- Liberação da área após inspeção;
- Equipamentos de proteção exigidos.
É um documento essencial para evitar acidentes graves e responsabilizações civis e penais.
8. Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP)
O PPP é um documento individual de cada trabalhador e deve ser, antes de mais nada, preenchido com base nas informações do LTCAT, PCMSO e demais registros de SST.
Deve conter:
- Dados do empregador;
- Função do trabalhador e atividades desempenhadas;
- Exposição a agentes nocivos;
- Resultados de monitoração ambiental e biológica.
Desde 2023, o envio eletrônico do PPP passou a ser obrigatório via eSocial, exigindo atenção redobrada quanto à consistência das informações.
Documentos SST para o eSocial
A chegada do eSocial impôs um novo desafio para as empresas: integrar a documentação de SST com o ambiente digital fiscal e previdenciário do governo.
Nesse sentido, os eventos obrigatórios são:
S-2210: Comunicação de Acidente de Trabalho (Documentos SST)
Substitui a antiga CAT física. Deve ser enviado até o primeiro dia útil seguinte ao acidente. Contém:
- Dados do trabalhador e da empresa;
- Descrição do acidente;
- CID do afastamento (se houver);
- Informação sobre o retorno ao trabalho.
S-2220: Monitoramento da Saúde do Trabalhador
Registra os exames clínicos e complementares do PCMSO. Deve conter:
- Tipo de exame;
- Data de realização;
- Responsável técnico;
- Resultado (apto ou inapto).
S-2240: Condições Ambientais do Trabalho
Relaciona os agentes nocivos aos quais o trabalhador está exposto. Baseia-se nos dados do PGR, LTCAT, AET e laudos de insalubridade e periculosidade. É a principal base para o PPP eletrônico.
A consistência e integração entre os documentos físicos e digitais são essenciais para evitar, sobretudo, notificações, multas e inconsistências previdenciárias.
A importância dos documentos SST
Manter os documentos de SST atualizados é uma responsabilidade legal e um compromisso ético com a vida dos trabalhadores.
Veja os principais benefícios:
- Conformidade legal: evita autuações, interdições e ações trabalhistas.
- Eficiência na gestão: facilita a tomada de decisão e a implementação de ações preventivas.
- Segurança jurídica: serve como prova documental em casos de litígios.
- Imagem institucional: empresas que cuidam de sua SST são vistas como responsáveis e confiáveis.
- Cultura prevencionista: engaja líderes e equipes no cuidado com o coletivo.
Além disso, a digitalização de processos via eSocial exige um novo nível de organização, integração de sistemas e capacitação técnica.
Conclusão
Mais do que uma obrigação, os documentos de SST representam uma oportunidade de criar ambientes mais seguros, produtivos e sustentáveis. Assim, ao aprofundar o conhecimento sobre cada documento, os profissionais de segurança do trabalho ampliam sua capacidade de influenciar positivamente a saúde ocupacional e a cultura de prevenção nas empresas.
Além disso, com uma documentação bem estruturada, sua empresa evita multas, protege vidas e se posiciona de forma estratégica frente aos desafios do mercado.
Quer saber se sua empresa está em dia com os documentos de SST? Então agende uma consultoria com os especialistas da Weex. Transforme sua gestão de segurança em um diferencial competitivo. Fale com a gente!